Olho bem aberto

No outro dia, fomos ver um espectáculo de dança da C. Enquanto o grupo da C. não subia ao palco, reparti a minha atenção entre os outros grupos de dança e os meus sobrinhos. De vez em quando, olhava para eles e tentava seguir o seu olhar.
O R. estava com uma atenção redobrada, não me lembro de o ver pestanejar, de modo a não perder patavina. Sentado ao colo da mãe, inclinado para a frente, parecia querer subir ao palco para juntar-se aos seus sentidos (visão e audição) que já lá estavam.
Já a P. tinha outra postura. Igualmente atenta, encontrava-se mais descontraída. Encostada na cadeira, observava todo aquele espectáculo com a tranquilidade de quem pertence ao mesmo meio. De vez em quando inclinava-se para frente. Nestes momentos era certo que no palco estaria um grupo de ballet (a sua experiência) ou um grupo de hip-hop ou dança rítmica (as suas duas paixões, sendo que o coração bate mais pela dança rítmica).
Cerca de duas horas depois de o espectáculo começar C., a rainha da noite, ainda não tinha actuado. R. estava perdido de sono.

- R. se quiseres podes dormir um bocado. Deita-te aqui no colo do tio e da mãe...

- Não. Não vou dormir antes de ver a C..

- Mas olha, dorme um bocadinho e quando for a vez da C. eu acordo-te.

- Obrigado tio.

E mal se encostou adormeceu. Quando chegou a vez da C. acordei-o e estava fresco que nem uma alface! Foi uma soneca bem merecida.

(Obrigado sobrinho)