domingo, 7 de março de 2010

A primeira década

No passado dia 19 de Fevereiro, a P. completou uma década (expressão que ela não se cansa de repetir, e muito bem).
Nesse mesmo dia, recebia-a como sempre faço, com muita atenção e carinho, mas sem nenhuma referência especial ao aniversário dela.
A P. queixava-se de uma situação mais desagradável que teria acontecido na escola e "logo no meu dia de anos", dizia ela. Ao que o tio, com cara de sabichão, acrescenta:
- ...mas pronto, não penses nisso. E para além disso, o teu dia de anos não é hoje, é só amanhã!
- Não é, não! - Acrescenta ela, de olhos esbugalhados.
- É, é! Que dia é hoje? - Acrescento eu, com cara de pânico.
- É dia 19!
- Ó P., desculpa! - Agora a cara de pânico já era de parvo.
Na minha cabeça, de parvo, a situação era simples: primeiro, não sabia em que dia estava e como no dia seguinte iríamos celebrar o aniversário da P., estava convencido que o dia seguinte é que era 'O' dia; segundo, apesar da P. me estar a contar como tinha sido a sua festa de anos na escola, estava convencido que essa festa só tinha ocorrido naquele dia, por ser sexta-feira, já que 'O' dia verdadeiramente dito era apenas Sábado e, como tal, seria impossível celebrar com todos os amiguinhos da escola.
Sim eu sei. Não serve de desculpa. Fiquei a sentir-me mesmo mal, nem queria acreditar que me tinha esquecido do dia da P e que nem tinha reparado como ela estava particularmente bonita (se bem que seja difícil perceber quando ela está mais bonita que nos outros dias; é o problema das meninas que são bonitas todos os dias).
- Ó P., desculpa. A sério, tava mesmo a pensar que era amanhã.
- Não faz mal. - E ao dizer isto, sorriu.
Penso que ela percebeu a minha atrapalhação e sentiu que eu me estava mesmo a sentir mal. E perdoou a minha ligeira distracção. E sorrimos. E brincámos. E voltámos a sorrir (muito por culpa das cócegas que um certo tio fez a uma certa sobrinha).

(...)

Curiosamente, na noite de 18 para 19, tive um sonho que demonstra bem o quanto os meus sobrinhos são importantes para mim.
Os sonhos são estranhos: parecem reais - mesmo não o sendo - e acabam por o ser! Confusos? Pois. Trocando por miúdos. Os sonhos não são reais. Apesar disso, por parecem que são, no momento em que estamos a sonhar, acabamos por viver essa realidade. Ainda confusos? Bem não interessa, vamos mas é ao sonho. Ah, e toda a gente já teve este experiência: assim que acordamos lembramo-nos de muitos pormenores, mas passados alguns minutos, por mais que a gente puxe pela cabeça, a maior parte dos pormenores desaparece! Estes são, pois, os pormenores que me lembro.

Estava num autocarro, para onde não sei, e pedi indicações ao condutor. Ele simpaticamente indicou-me qual a paragem que eu deveria sair, bem como uma data de pormenores (que já esqueci) sobre o caminho a pé (só sei que era confuso).
Com tantos pormenores, a tal paragem passou e eu não saí.
Voltei a falar com o motorista, que agora parecia mais rígido, que me disse que não podia parar e o que o máximo que poderia fazer era abrandar e abrir a porta para eu saltar em andamento. Concordei (vá-se lá saber porquê).
Quando me preparava para saltar o motorista abrandou e parou na berma da estrada, bem como vários autocarros atrás de nós (os sonhos também têm disto: os factos mudam de um momento para o outro. Então o motorista não podia parar e eu teria que saltar em andamento e agora aquilo parecia uma paragem de autocarros???).
Aparentemente todas as pessoas de todos os autocarros iam para o mesmo sítio que eu. Apesar de tudo, o motorista foi comigo, lado-a-lado, para me dar indicações.
Num abrir e fechar de olhos, todos tinham desaparecido. Crianças, adultos e idosos, todos tinham seguido por um trilho calmamente. Eu não. Eu não estava a conseguir trepar a parte final desse trilho. O motorista estava cá em baixo a dar-me indicações.
A tarefa não era fácil. O sítio era bem alto e, para além disso,tinha que me valer da força de braços para me conseguir içar. O problema maior era o facto de a tal parede que tinha que ser escalada se desfazer em grãos de areia( mas como é que as centenas de pessoas que eu seguia, subiram aquilo em segundos???).
Por momentos quase caí (e que queda seria!) Foi então que o motorista disse: "para conseguires tens de pensar naquilo que é mais importante para ti".
Pensei nos meus sobrinhos. E, claro, consegui.

Foi tudo um sonho. Não foi real. Apesar disso, quando acordei sentia-me mais forte. E feliz também.

3 comentários:

Anónimo disse...

Mais um bocadinho e eu vou querer ser teu sobrinho. Bolas, isso é que é dedicação! Muito bem.

Abraços ;)

Coutinho disse...

Este Blog só mostra uma coisa!
Mostra que os teus sobrinhos merecem um primo...He!He!

Unknown disse...

Maninho, maninho, que sonho tão cansativo, a tua sorte são os meus "ricos filhos", senão a esta hora ainda estavas a esfarrapar a barriga a tentar subir o muro.(cabelos do peito adeus!)
Será das tuas "quase" 3 Décadas? Afinal o dia 16 de Abril aproxima-se !(O. e P. vingançazinha) e a idade do Tarzan já lá vai, começa a ter os pézinhos por terra e de preferencia sem escorregadelas.

Beijinhos
PS.Gostei muito da rosa que o meu mano me ofereceu no dia da Mulher, era lilás e tinha brilhantes.