Os Problemas de Uma Princesa

No outro dia entrei na casa dos meus pais e encontrei P. de joelhos no chão, cabelos a tapar a cara e olhar cabisbaixo. O corredor estava inundado de lágrimas.

- O que aconteceu, lindinha?

- Perdi um brinco!

Ó diacho, isso é que é pior, pensei.

- Então e foi a parte da frente ou a detrás?

- Foi a parte da frente...

Raios, lá se vai o meu plano de roubar uma parte detrás a um brinco da avó. Disse-lhe que não se preocupasse, que mais tarde eu ajudava-a a procurar. Não funcionou "porque a avó depois ia aspirar a casa". Disse-lhe que apesar de tudo, eu gostava de ver meninas com apenas 1 brinco, ou com um brinco diferente em cada orelha. Nem me respondeu e fez uma cara do tipo " este tio tem cada ideia". Finalmente, disse-lhe que a melhor altura para perder um brinco é no Natal...quem sabe se o Pai Natal não recebe uma carta a pedir uns brincos de princesa? Ela sorriu. Ufa, missão cumprida!

(Por falar em brincos, para além de ter tido o prazer de lhe mostrar o quão fácil era andar de bicicleta sem o apoio das rodinhas; como piscar um olho de cada vez; como assobiar e como estalar os dedos, também fui eu que lhe comprei o primeiro par de brincos. Para além daqueles que ela recebeu no dia em que furou as orelhas,claro. Isto se a memória não me engana (mana, confirmas?).
Por isso P., já sabes, quando chegar a altura das tatuagens, fala comigo!)